sábado, 11 de maio de 2013

Para além da noite escura da alma



Satsang intensivo em San Diego, Califórnia - 7 de março de1997 (manhã)

Há um determinado nó na investigação espiritual que precisa ser desfeito, que necessita ser desemaranhado. Ele não é novo. Você certamente já ouviu falar dele. Trata-se da tendência e o hábito de buscar a verdade, a perfeição ou a realização fora de si mesmo. É importante compreender como isso acontece. E talvez esta compreensão possa ser o meio de desatar este nó tão apertado.

No decorrer de uma vida, pode ocorrer um momento precioso e importante, no qual se reconhecem os maus hábitos, os vícios, o horror, a violência e a imundície que temos chamado de "eu". É um grande choque, um grande abalo; isso é muito importante, caso contrário, o horror e a imundície simplesmente continuam a ser acumulados, em nome e a serviço da exultação de "mim" e da "minha história". Este reconhecimento é um choque espiritual, e pode haver (e geralmente há) um grande estremecimento, seguido de um desejo de descobrir o que é verdadeiro, o que é real, o que é puro, o que é sagrado, o que é livre. Portanto, a busca começa "lá fora".

Temos muitos exemplos primorosos de "lá fora". Em todas as épocas, houve sábios, santos, messias, homens e mulheres para quem podemos apontar e dizer: "Está presente neles. Por que não consigo chegar lá?" Então, há muitas tentativas de consertar o que se percebe como revoltante e limitado, para que possa ser mais como o que se imagina que é puro e sagrado. Todos vocês já tentaram isso. Isso não é nenhuma novidade, certo? Há esforço e trabalho, um sentido de estar ganhando terreno, e uma sensação de estar perdendo terreno, até que, finalmente, ocorre um outro grande choque espiritual. Eu o chamo de "a grande desilusão".

Quando se reconhece que toda tentativa de consertar o caráter, a personalidade, os hábitos ou os vícios nem sequer toca aquele o abismo de separação entre quem você é e a própria perfeição, há uma grande desilusão. Um abismo enorme aparece então. Este é o anseio da alma por Deus. E você vê claramente que todo o esforço, a luta, a áspera escalada, com todos os seus ganhos, ainda não tocaram a profundeza deste anseio. Isto é crucial. Esta é a noite escura da alma. É o reconhecimento de que "Eu nunca conseguirei fazer isso. Eu tentei, trabalhei duro, mas jamais conseguirei fazê-lo."

Há muitos caminhos que podem desviá-lo deste momento. Você pode encorajar a si mesmo com pensamentos como este: "Sim, você pode fazer isso. Espere e Deus virá até você. Esforce-se mais. Não desanime."

Mas, em vez de seguir qualquer um destes atalhos, eu o convido a deixar-se cair no fio desta espada de dois gumes: a desilusão e o anseio. Caia bem no meio, para que a espada dilacere este sentido de um abismo de separação. Caia direto dentro do abismo. Recuse-se a seguir qualquer caminho que possa lhe trazer conforto ou esperança ou, a estas alturas, até uma crença. Na verdade, disponha-se a encarar a espada, e deixe que ela dilacere o seu coração.

Este é o verdadeiro convite do satsang. É um convite radical: aceitar não se mover diante do anseio, da desilusão, para descobrir: Quem sou eu, realmente? O que está aqui realmente? É aceitar ver o que existe em um nível mais profundo do que a percepção; o que é mais profundo do que se percebe com os sentidos. É aceitar morrer. Todo o condicionamento é para não morrer. Todo o apoio, a esperança e a crença são de que "Eu não vou morrer", ou "Se eu morrer, irei para o céu, onde me encontrarei com minha avó, ou meus amigos que já foram antes de mim". Por debaixo de todas estas esperanças e crenças está este anseio. Convido você a mergulhar neste anseio. Não na história do anseio, mas no próprio anseio. Ele não está separado da desilusão. A verdadeira desilusão é sagrada: a ilusão é destruída.

E o que não pode ser imaginado, o que não se sujeita à estimulação da mente é revelado. É maravilhoso encontrar alguém, ou viver um momento que abala a ilusão e, embora isto mereça ser reverenciado, é muito importante ver como a mente individual cria um abismo de separação. Todos os grandes mestres disseram que "Você e eu somos um", "Eu e meu pai somos um" ou "Tudo é o mesmo Ser." É irônico como a mente transforma isto em uma ilusão de separação: "Ele e seu pai são um", "Ela e eles são o mesmo", ou "Tudo é um, menos eu; eu fui excluído." Isso soa familiar, não é? Esses hábitos do pensamento são fortes e são reforçados mais ainda, mesmo com as melhores intenções. Com a disposição de parar de alimentar estes hábitos de pensamento, o anseio e a desilusão são encarados diretamente, assim como Cristo na cruz encarou o aparente abandono de Deus.

Isto é oferecido a todos. De alguma maneira, você aceitou o convite até um certo ponto. Mas há sempre mais. Vá mais fundo, penetre mais profundamente, até você, finalmente, não conseguir encontrar distinção entre dentro e fora, entre pai e filho, entre Deus e alma, entre mim e você. Esta é a possibilidade revelada pelo convite ao satsang. Isto é possível para você também. Não se limita ao Buda ou a Cristo. Não se limita a Ramana. Não se limita a Gangaji. Não se limita a nada, e este é o maior ensinamento. Ela é ilimitada. A presença de Deus é onipresente; está em toda parte, o tempo todo.

Esta é a promessa de todos os grandes ensinamentos. É a mensagem que o guru do meu guru transmitiu a ele. É a mensagem que meu guru transmitiu a mim. É a mensagem que é livremente transmitida a você. É a mensagem que vem do mais íntimo do seu ser. A disposição de entrar está em simplesmente receber o que já existe no mais íntimo do seu ser. Não um outro dia, mas agora mesmo: sempre agora. E eu lhe dou as boas-vindas. Dou-lhe as boas-vindas ao entrar. O que parece estar fora também está dentro.

"Duas semanas atrás eu não sabia o que era satsang nem quem era Gangaji. Mas quando vi o seu vídeo e olhei em seus olhos, o anseio foi preenchido. Não vi uma forma, vi meu coração."*

Que sorte que o anseio estava tão perto, que já não estava mais escondido. De alguma maneira, ele eclodiu para encontrar a si mesmo.


"Quarenta e tantos anos de anseio..."*

Quarenta milhões de anos! Muito mais do que esta vida, na verdade. Você nem precisa acreditar em reencarnação. Nossos genes são codificados pelas vidas de nossos ancestrais e os desejos, realizações e decepções de, pelo menos, quarenta milhões de anos.

"O que você acaba de dizer foi perfeito. Descreveu esta jornada. Há duas semanas, fiquei apavorada quando tive que encarar completamente o terror de cair sobre aquela espada... E foi... Todo o terror passou. A idéia de que somos este pequeno conceito imaginado é uma grande mentira. Até aquele momento, o terror era apenas um pensamento, apenas uma história, algo pelo que eu tinha que passar. Estou tão contente."*

Eu estou tão contente! Que boas novas!

Aquela profundeza me aterrorizava, porque eu não sabia quem eu era; estava com tanto medo de vivenciar o que estava do outro lado. Isto aconteceu em conseqüência de um ajuste de contas com o fato de ter sido abandonada. Eu tinha imaginado que morreria e, num certo sentido, morri. Mas o jeito é passar por isso. Estou tão grata por ter confiado o suficiente, e ter visto que o convite era para receber, para render-me àquilo que somos. Até aquele momento de entrega, doce rendição, eu nunca tinha vivido a entrega em minha vida. Por isso estou tão agradecida, porque ouvi o seu chamado. Eu não percebo você na forma. Vejo meu coração em você."

Sim, seu coração aí e seu coração aqui. Estas são boas novas para todo o planeta. As reverberações destas boas novas são imensas. O cosmos inteiro participa deste despertar.


"Então, agora eu caminho como amante, em vez de tentar ser amada e o meu anseio mais profundo (porque ele se aprofunda cada vez mais) é que aqueles que tiverem contato comigo também perceberão você em mim."*

Aleluia! Isso mesmo. Que todos os seres despertem para si mesmos.

"O repouso é profundo."*

Sim.

"Eu te amo."*

Namastê.

Gangaji


*participante

Um comentário:

Anônimo disse...

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